quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Gentileza nem sempre é sinônimo de riqueza

Terça-feira, 01 de dezembro, foi o dia do meu aniversário. Recebi os abraços de amigos e parentes, depois fui para a faculdade pegar a câmera fotográfica para fazer um trabalho acadêmico no bairro Jardim Cruzeiro, considerado uns dos mais perigosos de Salvador. O mais engraçado é que eu não sabia onde ficava a sede do Grupo Cultural Bagunçaço e fui morrendo de medo, pois já tinha na mente uma má impressão do local.

Fui todo o percurso assustada, com o vidro do carro fechado. Mas, como chegar ao meu destino sem perguntar às pessoas onde ficava a sede?

Rezei, tomei coragem e abri o vidro para perguntar. Mas eu não conseguia controlar o meu nervoso e esqueci que em todo lugar perigoso moram pessoas de boa índole.

Fiquei escolhendo a pessoa para a qual eu perguntaria, quando avistei uma senhora bem vestida. Como ela apresentava boa aparência não hesitei em perguntá-la. No entanto, ela não sabia nem onde ficava nem do que se tratava o Bagunçaço. Nesse momento um menino negro, todo sujo, sem camisa e com o short todo rasgado, gritou: “Tia eu sei onde fica”. Tomei aquele susto e disse: “Como?” “A senhora vai direto e vira a esquerda. Lá a senhora vai ver a Paróquia. A sede fica atrás”, disse ele.

Fiquei chocada e percebi o quanto sou preconceituosa. Eu não esperava que aquele menino, até então visto por mim como um marginal, pudesse ter um gesto gentil. Sinceramente, quando ele se dirigiu a mim e se aproximou do carro pensei se tratar de um dos tantos bandidos do Jardim Cruzeiro, dos quais ouvi histórias arrepiantes.

Fui ao Bagunçaço, fiz a minha matéria, mas o gesto daquele menino não me saia da memória. A volta para casa se tornou um momento de reflexão e eu pude repensar os meus valores e quanto ainda preciso melhorar para entender o complexo ciclo da exclusão e do preconceito.

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